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ISER marca presença no lançamento da aliança pela ação climática – ACA BRASIL

No dia 28/01 ocorreu o lançamento da Aliança pela Ação Climática (ACA Brasil), uma coalizão de organizações, governos subnacionais, instituições da sociedade civil e empresas, que tem por missão mobilizar lideranças de diferentes setores em prol do clima. Com seções nacionais em países da América do Norte e do Sul, África e Ásia, a Aliança tem por objetivo contribuir para que os países consigam cumprir os compromissos firmados no Acordo de Paris.

O evento, realizado de forma virtual, contou com a participação de figuras importantes da agenda do Clima, como Daniela Lerário, Líder Brasil da equipe de Campeões do Clima da COP26, Gonzalo Muñoz, campeão de Alto Nível da COP25; e Suzana Kahn, diretora-adjunta da Coppe-UFRJ.

Segundo Daniela Lerário, “é a hora de nos unirmos pelo protagonismo brasileiro na ação climática”. Para Gonzalo Muñoz, “além do cumprimento do acordo de Paris, precisamos aumentar a ambição climática. E para isso precisamos seguir a indicação da ciência”.

Hoje nós temos que entender que já não é resolver somente, temos que prevenir e atuar antecipadamente. Atuar depois é sempre mais caro, mais doloroso e pior”, afirmou o campeão de alto nível.

“O Brasil tem todas as condições para liderar um novo tipo de economia e um novo tipo de desenvolvimento”, defendeu Suzana Kahn.

Também estavam presentes representantes de governos estaduais e municipais, como Edvaldo Nogueira, Prefeito de Aracaju (SE), uma das cidades signatárias da ACA Brasil, e do setor empresarial, na figura de Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil.

“Não deve haver economia ou sustentabilidade. Não tem uma coisa e outra. Tem que haver as duas”, declarou a empresária.

Representando a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, o Pastor Ariovaldo Ramos, também membro do Conselho do Fé no Clima, ressaltou a importância de os líderes religiosos estarem envolvidos nesse debate. “É papel do religioso e da religiosa fomentar a luta pelo meio ambiente e pela preservação da vida como fonte de adoração ao Deus que se propõe adorar, seja quem for e qual for a crença. Salvar o planeta é um ato de fé”, afirmou o pastor.

O ISER, representado pelo Fé no Clima, é uma das instituições que compõem o conselho consultivo da ACA Brasil.

Em vídeo gravado para o Fé no Clima, Karenna Gore comenta a aproximação entre fé e crise climática no governo Joe Biden | ISER

A fundadora e diretora do Centro para a Ética da Terra no Seminário Teológico da União, em Nova Iorque, Karenna Gore, acredita que a aproximação entre os temas “religião” e “crise climática” será um aspecto importante das políticas de Joe Biden, presidente eleito dos EUA. A posse de Biden e da vice Kamala Harris nesta quarta-feira, 20 de janeiro, é considerada um dia histórico para a agenda climática.

Em depoimento gravado especialmente para o IV Encontro Fé no Clima, no final do ano passado, ela afirma que, durante as eleições, Biden “deixou claro que o clima é uma prioridade” e destacou a importância da nomeação do ex-secretário de Estado, John Kerry, para o papel de representante especial sobre Mudança Climática do novo governo. A mensagem aos participantes do evento agora está disponível no canal de YouTube do Fé no Clima.

“O presidente Joe Biden vai confiar em Deus e também vai confiar na ciência para guiar nosso trabalho na Terra para proteger a criação de Deus”, disse Kerry em novembro passado, no evento que anunciou parte do novo gabinete presidencial.

Na avaliação de Karenna Gore, a fala do novo representante para o clima “sinaliza e dá a entender que envolver a religião vai ser crucial para a abordagem que a administração de Biden tomará na ação climática”.

Segundo ela, o trabalho no centro que dirige é focado em buscar soluções para a crise ecológica da fé e das tradições de povos indígenas. “Trabalhamos por meio da educação, convocação, discurso público e construção de movimento”, explicou. Recentemente, o Fé no Clima, projeto do Iser, iniciou diálogo para aprofundar as relações com o Centro para a Ética da Terra.

Sobre a vinculação entre crenças e as discussões sobre meio ambiente, a ativista afirma que “a religião pode criar uma sensação de pertencimento que vai além de alinhamento político ou partidário e nos guiar para sermos a melhor versão de nós mesmos”.

E destacou a importância da religião nas transformações sociais. “O arcebispo Desmond Tutu disse que o ensino das escrituras teve uma participação no fim do apartheid na África do Sul”, destacou, lebrando também a influência de Martin Luther King Jr, pastor da Igreja Batista, na luta pelos direitos civis em seu país.

EUA voltam ao Acordo de Paris

“Também estou bastante emocionada de estar falando com vocês neste momento em que meu país, os Estados Unidos, anunciou que voltaremos a participar do Acordo de Paris, um tratado muito importante de 2015 em que todos os países do mundo se uniram para criar um plano para realmente enfrentar essa grave crise existencial e superá-la”, afirmou a diretora.

Biden assumiu o compromisso de regressar ao acordo de mudança climática de Paris no primeiro dia de governo. A medida integra um pacote de ações que irão reverter, no dia da posse, diversas medidas do governo Trump para esse e outros temas.

Leia a íntegra do discurso

No vídeo gravado para os participantes do evento, Karenna Gore também faz uma homenagem ao ambientalista Alfredo Sirkis, falecido no ano passado. Além de amigo da família Gore, Sirkis era diretor do Centro Brasil no Clima, parceiro brasileiro da Climate Reality Project, organização criada pelo ex vice-presidente dos EUA, Al Gore.

De 19 a 23 de agosto, a Bahia de Todos os Santos acolheu a Semana do Clima da América Latina e Caribe

Evento organizado pela ONU e pela Prefeitura da cidade

O “Fé no Clima” esteve presente, representado pela Mãe Flavia Pinto, membro do Conselho Fé no Clima e Moema Salgado, coordenadora da iniciativa. Ambas tiveram a oportunidade de assistir a diferentes debates, painéis e palestras sobre a crise climática e as tentativas de mitigação.

Muitas mesas traziam estudos técnicos e formas de adaptação ao novo cenário ambiental. Outras atividades apresentavam experiências inovadoras, na maioria dos casos, ocorridas na esfera municipal e estadual. Com efeito, a Semana do Clima reforçou a constatação de que o nível subnacional é e será o espaço mais adequado para estratégias de resiliência e ação de combate ao aquecimento global.

Neste contexto e em meio a dias marcados pelo aumento vertiginoso dos incêndios na floresta Amazônica, a iniciativa “Fé no Clima”, em parceria com Koinonia e com a Igreja Batista de Nazareth promoveu no dia 23 de agosto o debate “Fé e mudanças climáticas: religião, meio ambiente e preservação” no Espaço Cultural Vovó Conceição, no Terreiro da Casa Branca.

O encontro reuniu Mãe Flavia Pinto, da Casa do Perdão (Rio de Janeiro), Ekedy Neci Neves, do Ilê axé Torrun Gunan (Salvador), Pastor Joel Zefferino da Igreja Batista de Nazareth (Salvador) e Ane Alencar, natural do Pará e Diretora de Ciências do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que pesquisa há mais de 20 anos os impactos das mudanças climáticas e o desmatamento por causa dos incêndios florestais na Amazônia.

Ao tratar da ciência e de seus anos de estudo na Amazônia, a pesquisadora ressaltou a necessidade de combater a especulação criminosa e destruidora de terras na região amazônica e como este processo tem acelerado de forma brutal o desmatamento da floresta e, por consequência, o aquecimento do clima no nível local e nacional.

Ekedy Neci Neves destacou a experiência local de realocação de comunidades quilombolas e a dificuldade em fazer com que as esferas públicas respeitem as práticas tradicionais do candomblé no processo de urbanização das cidades: “Em nossa prática, as árvores são templos”. O Pastor Joel falou do simbolismo dos textos bíblicos, ressaltando que “na tradição Cristã, a existência tem seu início no JARDIM”, e lembrou das imensas desigualdades sofridas pela maioria da população, excluídas por um sistema que só visa o lucro e enriquecimento de poucos.

Por fim, Mãe Flavia trouxe o conceito de temporalidade, sublinhando que a existência humana tem muito mais do que 2019 anos e que o conhecimento e práticas dos povos tradicionais são ancestrais e desde sempre cuidaram da relação com a natureza e o meio ambiente. Mãe Flavia mencionou ainda a importância em resgatarmos a noção do sagrado feminino: “O feminino é criador e reprodutor de força”.

As pessoas presentes participaram ativamente das reflexões e, segundo suas manifestações, saíram ainda mais comprometidos de atuarem, pessoal e conjuntamente, na defesa ambiental, como uma afirmação de sua fé e com base nos conhecimentos da ciência.

Religiosos se mobilizam em função da crise climática

Uma parceria entre o ISER e o Instituto Clima e Sociedade

O III Encontro Fé no Clima reuniu no dia 3 de julho, no Rio de Janeiro, lideranças religiosas de diferentes matrizes – Pastor Ariovaldo Ramos, Mãe Flávia Pinto, Lama Padma Samten, Pastor Timóteo Carriker, Mãe Meninazinha d’Oxum, Pai Adailton Moreira, Cintia Guajajara e Sheikh Mohamad Al-Bukai – para discutirem o desafio da sociedade frente às mudanças climáticas pela perspectiva da fé. Promovido pelo ISER com apoio do ICS (Instituto Clima e Sociedade), o encontro teve como objetivo reforçar, ampliar e encontrar novos espaços de colaboração e ação em prol do clima global. Além das lideranças religiosas, o encontro também contou com a participação do cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Antônio Nobre, do jornalista e escritor André Trigueiro, da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e de pesquisadores e ambientalistas ligados ao tema.

Judaísmo e Meio Ambiente na Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro

Aconteceu em 27 de maio de 2019 o debate “Judaísmo e Meio Ambiente” na sede da ARI, reunindo um público de mais de 50 pessoas.

Os palestrantes Ana Carolina Szklo (Diretora de Desenvolvimento Institucional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e Ilan Cuperstein (Diretor-adjunto para America Latina da C40 Cities Climate Leadership Group), em diálogo com o Rabino Dario Bialer, trataram da necessidade de se repensar a relação da sociedade com o meio ambiente, em face da urgência das mudanças climáticas.

Ana Carolina apresentou o cenário do Brasil, seu papel na luta pela sustentabilidade e os desafios/responsabilidades de empresas e indivíduos em mudarem suas formas de produção e consumo. Ela abordou também o contexto global, a crescente mobilização dos adolescentes, por meio das greves climáticas iniciadas pela jovem Greta Thunberg (“Fridays for Future”) e destacou que “Na semana passada o jornal The Guardian assegurou que não irá mais tratar do tema como sendo uma mudança climática, mas sim uma crise climática”, o que dá ao assunto a gravidade e a urgência necessárias.

Por sua vez, Ilan apresentou estatísticas e resultados de pesquisas científicas que demonstram de onde vem a crise climática, como ela se acelera nas últimas décadas e quais as perspectivas para os próximos anos, em função das atitudes individuais e das políticas a serem implementadas ou não. Ilan alertou, em particular, que os efeitos das mudanças climáticas serão sentidos de forma mais dura pela população mais pobre, agravando o já dramático quadro de desigualdades sociais no mundo. No entanto, trouxe alguma esperança citando uma frase de Barack Obama “Somos a primeira geração a sentir os impactos da mudança do clima e a última a poder fazer algo contra isso”.

Conduzindo o tema para a leitura religiosa, o Rabino Dario mencionou uma oposição no texto do Gênesis sobre a relação entre o ser humano e o meio ambiente: “O texto do Gênesis traz dois paradigmas sobre o lugar do ser humano no planeta. Um modelo – do capítulo 1 – tem a ver como o homem e a mulher como reis, donos, como imagem e semelhança do divino e, neste sentido, tudo que existe nesse planeta é para usufruirmos, aproveitarmos e consumirmos. Já no capitulo 2 – mais orgânico e coerente – há um olhar distinto, o homem é criado em primeiro, então ele é aquele que está aqui para servir, para cuidar e para preservar. Neste sentido entende-se que o ser humano é um fragmento da natureza, que somos parte dessa terra e que existe integração entre o ser humano e o meio ambiente”.

Quando o encontro foi aberto às perguntas, o público participou ativamente, provocando os debatedores e refletindo conjuntamente sobre a crise climática e sobre as possibilidades de ação e de mudanças da sociedade. Estas mudanças são muitas e profundas, vão desde os hábitos individuais de consumo, até o acompanhamento e pressão das esferas políticas, passando pela busca e difusão de informações qualificadas.

Em celebração da data de 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, o evento foi encerrado num gesto simbólico de doação de mudas de plantas nativas ao público presente.