Aconteceu em 27 de maio de 2019 o debate “Judaísmo e Meio Ambiente” na sede da ARI, reunindo um público de mais de 50 pessoas.
Os palestrantes Ana Carolina Szklo (Diretora de Desenvolvimento Institucional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e Ilan Cuperstein (Diretor-adjunto para America Latina da C40 Cities Climate Leadership Group), em diálogo com o Rabino Dario Bialer, trataram da necessidade de se repensar a relação da sociedade com o meio ambiente, em face da urgência das mudanças climáticas.
Ana Carolina apresentou o cenário do Brasil, seu papel na luta pela sustentabilidade e os desafios/responsabilidades de empresas e indivíduos em mudarem suas formas de produção e consumo. Ela abordou também o contexto global, a crescente mobilização dos adolescentes, por meio das greves climáticas iniciadas pela jovem Greta Thunberg (“Fridays for Future”) e destacou que “Na semana passada o jornal The Guardian assegurou que não irá mais tratar do tema como sendo uma mudança climática, mas sim uma crise climática”, o que dá ao assunto a gravidade e a urgência necessárias.
Por sua vez, Ilan apresentou estatísticas e resultados de pesquisas científicas que demonstram de onde vem a crise climática, como ela se acelera nas últimas décadas e quais as perspectivas para os próximos anos, em função das atitudes individuais e das políticas a serem implementadas ou não. Ilan alertou, em particular, que os efeitos das mudanças climáticas serão sentidos de forma mais dura pela população mais pobre, agravando o já dramático quadro de desigualdades sociais no mundo. No entanto, trouxe alguma esperança citando uma frase de Barack Obama “Somos a primeira geração a sentir os impactos da mudança do clima e a última a poder fazer algo contra isso”.
Conduzindo o tema para a leitura religiosa, o Rabino Dario mencionou uma oposição no texto do Gênesis sobre a relação entre o ser humano e o meio ambiente: “O texto do Gênesis traz dois paradigmas sobre o lugar do ser humano no planeta. Um modelo – do capítulo 1 – tem a ver como o homem e a mulher como reis, donos, como imagem e semelhança do divino e, neste sentido, tudo que existe nesse planeta é para usufruirmos, aproveitarmos e consumirmos. Já no capitulo 2 – mais orgânico e coerente – há um olhar distinto, o homem é criado em primeiro, então ele é aquele que está aqui para servir, para cuidar e para preservar. Neste sentido entende-se que o ser humano é um fragmento da natureza, que somos parte dessa terra e que existe integração entre o ser humano e o meio ambiente”.
Quando o encontro foi aberto às perguntas, o público participou ativamente, provocando os debatedores e refletindo conjuntamente sobre a crise climática e sobre as possibilidades de ação e de mudanças da sociedade. Estas mudanças são muitas e profundas, vão desde os hábitos individuais de consumo, até o acompanhamento e pressão das esferas políticas, passando pela busca e difusão de informações qualificadas.
Em celebração da data de 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, o evento foi encerrado num gesto simbólico de doação de mudas de plantas nativas ao público presente.