A mobilização é uma iniciativa do Instituto de Estudos da Religião (ISER) que une espiritualidade, arte e justiça climática
Centenas de pessoas entre lideranças religiosas, artistas, movimentos sociais, ambientalistas, representantes dos povos originários e comunidades de fé participaram do evento Vigílias pela Terra, no Largo da Candelária, Centro do Rio, no último sábado de agosto (30). O encontro promoveu shows artísticos, manifestações em diálogo inter-religioso, feira gastronômica e espaço infantil com oficina de argila e sementes. A iniciativa Vigílias pela Terra viabiliza articulações e sensibilização a partir de diferentes grupos religiosos para fortalecer ações no enfrentamento à crise climática. O evento é uma mobilização inter-religiosa, promovida pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) em interlocução com vários parceiros que une espiritualidade, arte e cultura em defesa do meio ambiente.
Uma parte destacada da Vigília foi a manifestação chamada ‘Vozes pela Terra’ marcada pela participação de diversas tradições religiosas e espirituais, como lideranças indígenas, pastores, padres, lideranças de religiões de matriz africana, do judaísmo, islamismo, budismo, Santo Daime, wicca e muito mais. Diferentes vozes ocupando um espaço público, unidas em defesa do meio ambiente, reforçando a importância do diálogo inter-religioso para uma sociedade democrática e plural. Em tempos de intensificação da crise climática e conflitos ideológicos, inclusive de intolerância religiosa, o diálogo, união e ação em torno de justiça climática e direitos humanos são fundamentais.
Estiveram presentes lideranças indígenas e religiosas como Marize Guarani (indígena), pastora Viviane Costa (evangélica), Padre Ricardo Resende (católico), Dom Roberto Ferreria Paz (católico), Mãe Flávia Pinto (umbanda), Pastor Vladimir Oliveira (evangélico), Augusto Zimbres (Brahma Kumaris), Patricia Tolmasquim (judaísmo), Babalawô Ivanir dos Santos (candomblé), Reverenda Lusmarina Campos Garcia (luterana), Sheik Adam Muhamad (Islã), Sacerdote Og Sperle (Wicca), Irmã Maria das Graças Rodrigues (catolicismo), Edvaldo Roberto de Oliveira (espírita), Raga Bhumi (Hare Krishna), Maira Fernandes (Budismo), Bárbara Athamis (Xamanismo), Reverendo Daniel Rangel (anglicano), Babalorixá Joaquim de Ogum (candomblé).
A Vigília Pela Terra une espiritualidade, música, arte, cultura e diversas vozes de diferentes gerações que ampliam o debate e reforçam a importância da união nesta luta comum em defesa da Terra e toda natureza.
O evento também teve shows de artistas como Xangai, Jonathan Ferr, Jongo da Serrinha, Bela Ciavatta, Doralyce, Kiko Horta, Edgar Duvivier, Olivia Byington, Ana Bispo, Júlia Vargas, Coral Guarani, Kaê Guajajara, Hugo Ojuara e Kiko Horta, acompanhados pelo banda Bondesom.
A diretora executiva do ISER Ana Carolina Evangelista reforça que a Vigília pela Terra reflete a importância da mobilização e proteção ambiental a partir da articulação de diferentes grupos de fé. “Os grupos de fé, a partir das suas vertentes, livros sagrados, crenças, são originalmente protetores da casa comum, da natureza, da Terra. É muito importante ter representantes dos grupos religiosos como aliados na proteção ambiental e na sensibilização da população”, afirma.
Em 1992, o ISER promoveu a primeira vigília inter-religiosa ‘Um Novo Dia para a Terra’, no Aterro do Flamengo. Mais de 30 mil pessoas se uniram para dar o grito em defesa da Terra, entre elas lideranças religiosas como Dalai Lama (budismo), Dom Helder Câmara (catolicismo) e Mãe Beata de Iemanjá (religiões de matriz africana). A mobilização, realizada durante a ECO-92, deu origem ao Movimento Inter-Religioso (MIR-RJ) e resultou no documentário ‘Uma Noite Pela Terra’, disponível no canal do Youtube do ISER.
33 anos depois, o ISER segue acreditando na importância do diálogo inter-religioso para fortalecer iniciativas em defesa do meio ambiente e contribuir com uma sociedade mais justa e democrática
Neste ano, as Vigílias pela Terra serão realizadas nas cinco regiões do Brasil. A mobilização teve início em abril, no ato de abertura do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, e seguiu para Porto Alegre, numa vigília às margens do Guaíba. O evento também foi realizado em Manaus, em frente ao Teatro Amazonas, e seguirá para Natal (13/09) e Recife (11/10). A culminância desse percurso será uma vigília de múltiplas tradições espirituais e sociais durante a COP 30, em Belém, que ocorrerá no âmbito do Tapiri Ecumênico e Inter-religioso COP 30, no dia 13 de novembro.
Em 2025, a 30ª edição da COP do Clima será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém do Pará, na Amazônia brasileira. A conferência reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações que combatam as mudanças climáticas, proponham políticas públicas de justiça climática, apresentem inovações tecnológicas e de financiamento para adaptação e mitigação dessa crise e mais. Vigílias pela Terra é uma ação inter-religiosa rumo à COP 30.
