Transformar o mundo unindo as espiritualidades ao ativismo climático

Essa foi a síntese das mensagens que quatro jovens ativistas climáticos apresentaram durante suas falas na live “Que climão! O que os jovens e suas espiritualidades nos ensinam sobre a crise climática”. Esse, que foi o primeiro de uma série de três lives que o ISER está promovendo em comemoração aos seus 51 anos, trouxe para o diálogo os jovens de diferentes espiritualidades para falarem sobre a relação entre fé, juventudes e espiritualidades. Sob a mediação de Karina Penha, bióloga, ativista climática e também membro da equipe do Fé no Clima, Amanda Costa, Rayana Burgos, Txai Suruí e Paulo Ricardo foram os convidados do encontro.

A intersecção entre espiritualidade e ativismo climático

“A gente se relaciona com o divino para, primeiro, que a gente possa transformar a nós mesmos e depois o ambiente que a gente ocupa”, disse Amanda Costa. Ela, que é evangélica, embaixadora jovem da ONU e fundadora do Perifa Sustentável diz que“Deus me chamou para chacoalhar as pessoas e provocar esse debate, provocar esse despertar social”.

“Desde sempre a minha espiritualidade está ligada ao ativismo até porque o ativismo está ligado à minha cultura. Quando a gente nasce indígena, já está na luta pelos nossos direitos, pelo território, pela floresta (…)”, disse Txai Suruí, jovem indígena do Povo Paiter Suruí e fundadora do movimento da Juventude Indígena de Rondônia.

A fé e o agir

A cientista política e coordenadora do Hub de Pernambuco do Youth Climate Leaders, Rayana Burgos, compreende que “a geração de terreiro já cresce inserida dentro de um debate ambiental, (…) mas existe uma diferença entre estar inserido no debate ambiental e estar inserido no debate sobre a crise climática. (…) Esse é um conhecimento ainda de uma elite e eu me coloco dentro dessa elite, porque eu tenho acesso a esse conhecimento.”. Para ela, que é umbandista, ter esse acesso a imputa uma responsabilidade: “tendo acesso a esse conhecimento, eu tenho um papel de papel de repassá-lo, pois foi assim que eu aprendi na Umbanda.”

Paulo Ricardo, jovem católico que atua como animador da Laudato si’ e bacharel em direito, declarou queo movimento Laudato si’ e seu aprofundamento com a teologia que apresenta a libertação o fez despertar para a vida. Segundo ele, “não dá pra separar a fé da vida”.
De acordo com Txai Suruí, “a gente parou de ouvir o que a floresta está falando (…) O ser humano parou de escutar (…). Os povos indígenas sabem ouvir o que a floresta está dizendo”.