Neste 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, a iniciativa Fé no Clima apresenta alguns exemplos de projetos e ações que unem espiritualidade e responsabilidade ambiental. Desenvolvidas nos estados de Pernambuco e Rio de Janeiro, as práticas envolvem diferentes organizações de fé, mas com um resultado comum: promoção de qualidade de vida e de práticas sustentáveis. Confira!
1. Terreiro Ilé Àsé Ògún Alàkòró (RJ)
No Terreiro Ilé Àsé Ògún Alàkòró, no município de Magé (RJ), as crianças transformam lixo em arte, conta Pai Paulo de Ogum. O terreiro fica no Quilombo Quilombá, instalado próximo a onde existia um lixão. “Nossa prática religiosa cuida e interage com o meio ambiente em todas as circunstâncias”, afirma ele.
O quilombo desenvolveu o projeto Egba Egba Enigba Lati Bere Lati Feran Aiye! (Qualquer tempo é tempo para começar a amar a natureza!, na tradução do yorubá), para reunir diferentes profissionais preocupados com mais qualidade de vida.
2. Igreja Batista de Coqueiral (PE)
“Rio limpo, cidade saudável” é o nome do projeto elaborado pela igreja para promover a despoluição do Rio Tejipió, que circunda a edificação. Por meio do Instituto Solidário, que integra a instituição, a comunidade pensou em uma forma de se integrar mais ao ambiente ao seu redor. Gessica Dias, membra da igreja, afirma que a comunidade pensa de questões populares a iniciativas governamentais para incidir nas demandas do rio.
3. Cooperativa Terra (RJ)
A cooperativa, localizada no bairro Vieira, em Teresópolis (RJ), procura oferecer produtos agrícolas por preços justos a uma rede de igrejas. Natasha Gomes, que se apresenta como uma jovem de tradição católica, com caminhada ecumênica, participa da iniciativa. Segundo ela, a cooperativa discute agroecologia e relações de trabalho e gênero no campo, entre outras questões.
4. Movimento Católico Global pelo Clima (PE)
A limpeza da Pedreira, um dos pontos turísticos de Serra Talhada, é uma das ações relatadas por Paulo Ricardo Sampaio, animador Laudato Si’, do Movimento Católico Global pelo Clima da cidade pernambucana. Os membros do Capítulo de Serra Talhada também fizeram o plantio de árvores no Parque Estadual Mata da Pimenteira.
“A espiritualidade ecológica integral nos dá uma ideia de que não somos donos da natureza, mas que somos parte dela, somos parte da casa comum e que aqui fomos colocados para cultivá-la e guardá-la”, afirma o jovem.
A celebração do Dia do Meio Ambiente adquire um novo significado em um contexto de crises sanitária, política e econômica. Apesar de o tema ainda ser colocado em segundo plano por lideranças regionais, nacionais e internacionais, se relaciona fortemente com os desafios da humanidade nos tempos atuais.
É o que constatam o Pastor Ariovaldo, líder da Comunidade Cristã Renovada, o Rabino Dario Bialer, da Congregação Judaica do Brasil, e Mãe Nilce, Iyá Egbé do terreiro Ilê Omolu e Oxum. Eles compartilharam reflexões sobre a importância do cuidado com a natureza para superar as crises.
“Pense nas florestas tropicais, são responsáveis pelo ciclo das chuvas, se elas forem desbastadas será o fim das chuvas e, consequentemente, da vida”, lembra o pastor, que é um dos fundadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
Já o rabino propõe “uma leitura dos textos sagrados que nos leve a uma transformação concreta do mundo”. Ele lembra que “nos dois primeiros capítulos da Bíblia, nos encontramos com dois relatos sobre a criação do ser humano com papéis absolutamente antagônicos”.
Por isso, Dario Bialer ressalta que “a leitura correta religiosa desse texto (a Bíblia) não é quando escolhemos um ou outro (papel), mas quando entendemos que as duas opções são parte da mesma moeda do ser humano em interação com o meio ambiente”.
Ele convoca as pessoas a “tomar consciência, mudar comportamentos e hábitos e entender que se o ser humano não faz diferente, não vai ter Deus que venha fazer melhor no nosso lugar”. Mãe Nilce faz coro com o rabino: “se você agride a natureza você estará agredindo os Orishás, portanto preserve e proteja a natureza, os Orishás agradecem”.