De 19 a 23 de agosto, a Bahia de Todos os Santos acolheu a Semana do Clima da América Latina e Caribe

Evento organizado pela ONU e pela Prefeitura da cidade

O “Fé no Clima” esteve presente, representado pela Mãe Flavia Pinto, membro do Conselho Fé no Clima e Moema Salgado, coordenadora da iniciativa. Ambas tiveram a oportunidade de assistir a diferentes debates, painéis e palestras sobre a crise climática e as tentativas de mitigação.

Muitas mesas traziam estudos técnicos e formas de adaptação ao novo cenário ambiental. Outras atividades apresentavam experiências inovadoras, na maioria dos casos, ocorridas na esfera municipal e estadual. Com efeito, a Semana do Clima reforçou a constatação de que o nível subnacional é e será o espaço mais adequado para estratégias de resiliência e ação de combate ao aquecimento global.

Neste contexto e em meio a dias marcados pelo aumento vertiginoso dos incêndios na floresta Amazônica, a iniciativa “Fé no Clima”, em parceria com Koinonia e com a Igreja Batista de Nazareth promoveu no dia 23 de agosto o debate “Fé e mudanças climáticas: religião, meio ambiente e preservação” no Espaço Cultural Vovó Conceição, no Terreiro da Casa Branca.

O encontro reuniu Mãe Flavia Pinto, da Casa do Perdão (Rio de Janeiro), Ekedy Neci Neves, do Ilê axé Torrun Gunan (Salvador), Pastor Joel Zefferino da Igreja Batista de Nazareth (Salvador) e Ane Alencar, natural do Pará e Diretora de Ciências do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que pesquisa há mais de 20 anos os impactos das mudanças climáticas e o desmatamento por causa dos incêndios florestais na Amazônia.

Ao tratar da ciência e de seus anos de estudo na Amazônia, a pesquisadora ressaltou a necessidade de combater a especulação criminosa e destruidora de terras na região amazônica e como este processo tem acelerado de forma brutal o desmatamento da floresta e, por consequência, o aquecimento do clima no nível local e nacional.

Ekedy Neci Neves destacou a experiência local de realocação de comunidades quilombolas e a dificuldade em fazer com que as esferas públicas respeitem as práticas tradicionais do candomblé no processo de urbanização das cidades: “Em nossa prática, as árvores são templos”. O Pastor Joel falou do simbolismo dos textos bíblicos, ressaltando que “na tradição Cristã, a existência tem seu início no JARDIM”, e lembrou das imensas desigualdades sofridas pela maioria da população, excluídas por um sistema que só visa o lucro e enriquecimento de poucos.

Por fim, Mãe Flavia trouxe o conceito de temporalidade, sublinhando que a existência humana tem muito mais do que 2019 anos e que o conhecimento e práticas dos povos tradicionais são ancestrais e desde sempre cuidaram da relação com a natureza e o meio ambiente. Mãe Flavia mencionou ainda a importância em resgatarmos a noção do sagrado feminino: “O feminino é criador e reprodutor de força”.

As pessoas presentes participaram ativamente das reflexões e, segundo suas manifestações, saíram ainda mais comprometidos de atuarem, pessoal e conjuntamente, na defesa ambiental, como uma afirmação de sua fé e com base nos conhecimentos da ciência.