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Vigílias Pela Terra: mobilização nacional reúne lideranças religiosas em favor da justiça climática

O movimento é uma iniciativa do Instituto de Estudos da Religião (ISER)


Cerca de 250 pessoas entre lideranças religiosas, movimentos sociais, coletivos e comunidades de fé se reuniram para a abertura do movimento Vigílias Pela Terra, na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, no último sábado (17/05). O encontro promoveu intervenções artísticas por meio do diálogo inter-religioso e teve como objetivo viabilizar articulações a partir de grupos religiosos para fortalecer ações no enfrentamento à crise climática. O movimento também realizou um memorial às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul, ocorrida em maio de 2024. Ao longo do ano, as Vigílias Pela Terra vão acontecer nas cinco regiões do Brasil, em diferentes cidades, sendo Rio de Janeiro, Manaus, Recife e Natal, terminando com uma vigília de múltiplas tradições espirituais e sociais durante a COP 30, em Belém, que será no âmbito do Tapiri Ecumênico e Inter-religioso COP 30. A mobilização é uma iniciativa do Fé no Clima, do Instituto de Estudos da Religião (ISER). 

Durante o ato em Porto Alegre, diversas lideranças religiosas estiveram presentes. Dentre elas, algumas fizeram discursos e intervenções artísticas em defesa da Terra, como a Cacica Iracema, indígena da Retomada Gãh Ré, o Pai Dejair de Ogum,  Bianca Pedemonte, representante da Fé Bahai, Tiago Santos, do Coletivo Abrigo, a Monja Kokai Eckert, do Zen Budismo, a Irmã Claudete Rissini, católica da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo (Scalabrinianas), o Pastor Olmiro Ribeiro Júnior, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana e o Lama Padma Samten, da Comunidade Budista Tibetana. Além da participação de movimentos de catadoras e grupos socioambientais. No final da tarde, na orla do Guaíba, próxima a Usina do Gasômeto e ao monumento em homenagem aos voluntários que atuaram na enchente, manifestantes entoaram o mantra: “Tudo está interligado como se fossemos um”.

O articulador do ISER Paulo Sampaio enfatiza a importância de iniciar as Vigílias Pela Terra em Porto Alegre, um ano após a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, que deixou cerca de 79 mil pessoas desabrigadas. “Juntamos nossas vozes desde o Bioma Pampa, que se conecta com a Mata Atlântica e o sistema costeiro-marinho, em memória às vítimas das enchentes de maio de 2024. Situação que ainda não foi superada completamente, pois muita gente segue em abrigos na espera de política pública que atenda suas demandas por direitos. Este espaço também é um grito por justiça, não enfrentamos todos a mesma crise. Sentimos os impactos da crise climática de forma diversa. O racismo que provoca a intolerância, invasão e violação de terreiros é o mesmo que faz com que populações pretas e periféricas e as comunidades tradicionais sejam as mais afetadas pelos eventos climáticos”, pondera.

A ação foi co-organizada em parceria com o Fórum Inter-religioso e Ecumênico do Rio Grande do Sul (FIRE), a Fundação Luterana de Diaconia, o Coletivo Abrigo, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), o Zen Budismo do Vale dos Sinos, o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), a Visão Mundial, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o Conselho Estadual do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul, o Youth Action Hub, o Global Shapers POA, Instituto Zen Maitreya-Zendo Diamante, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Youth Action Hub da ONU, Curicaca, Nación Pachamama, Pastoral da Juventude Estudantil, Programa de Gênero e Religião da Faculdade EST, Comitê de Povos e Comunidades Tradicionais dos Pampas, dentre outras entidades e personalidades. 

Em junho de 1992, o ISER realizou a Vigília Inter-religiosa ‘Um Novo Dia para a Terra’, em defesa do meio ambiente. O encontro aconteceu no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). Durante 12 horas, cerca de 30 mil pessoas e 300 lideranças religiosas se reuniram e realizaram celebrações de 25 tradições religiosas e espirituais diferentes. A mobilização deu origem ao Movimento Inter-Religioso (MIR-RJ) e resultou no documentário ‘Uma Noite Pela Terra’, dirigido por João Moreira Salles, disponível no canal do Youtube do ISER. 

A celebração foi encerrada com uma meditação conduzida pelo Lama Samten, recitando o mantra de Tara. Ao comentar sobre os mais de 30 anos que separam os dois eventos sobre o clima realizado no país, Samten afirma que de lá para cá, muitas palavras foram derramadas mas quase pouco foi feito efetivamente. “A novidade que a gente teve de lá para cá é que nós estamos nos conscientizando que as palavras não são suficientes. Porque nós entendemos todas as coisas, mas a humanidade segue impulsionada de um modo destrutivo. A vigília é quando a gente abre o coração, pede que as coisas milagrosamente aconteçam. A racionalidade, ela já produziu todas as palavras, nós precisamos agora das transformações”, ressaltou.

O diretor adjunto do ISER, Clemir Fernandes, entende ser fundamental que as religiões façam parte do enfrentamento à crise climática a partir de suas próprias práticas de fé. “Em 1992 a vigília foi um diferencial político e espiritual na luta ambiental. Mais de três décadas depois, as religiões e tradições espirituais podem aportar um despertamento ético fundamental para que tomadores de decisão sejam ousados e eficazes no cumprimento de metas para interromper a curva ascendente da grave crise climática atual”, reforça.

Para a Coordenadora de Meio Ambiente e Religião do ISER Isabel Pereira, a COP 30 vem sendo considerada um marco mundial fundamental para o enfrentamento da crescente crise climática. “Apesar das limitações dos avanços por meio das negociações durante a conferência, temos a oportunidade de fazer o tema chegar a mais pessoas. A população precisa estar convencida da necessidade de enfrentar esta crise e do potencial transformador que sua mobilização pode causar neste cenário, especialmente considerando seus territórios e agendas locais”, pondera. 

Em 2025, a 30ª edição da COP do Clima será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém do Pará, na Amazônia brasileira. A conferência reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações que combatam as mudanças climáticas, proponham políticas públicas de justiça climática, apresentem inovações tecnológicas e de financiamento para adaptação e mitigação dessa crise e mais.

ISER lança movimento Vigílias Pela Terra rumo à COP 30

Mobilização reúne diferentes lideranças religiosas para diálogo inter-religioso que fortaleçam a justiça climática


O Instituto de Estudos da Religião (ISER) dá início ao movimento Vigílias Pela Terra rumo à COP 30, em Porto Alegre. A mobilização reunirá diversas lideranças religiosas, movimentos sociais, coletivos, pessoas e comunidades de fé, em diferentes regiões pelo Brasil ao longo do ano para celebrações inter-religiosas em defesa da Terra. O objetivo do encontro é promover articulação a partir de grupos religiosos diversos para fortalecer ações no enfrentamento à crise climática. A culminância desse percurso será uma vigília de múltiplas tradições espirituais e sociais durante a COP 30, em Belém, que ocorrerá no âmbito do Tapiri Ecumênico e Inter-religioso COP 30. A primeira Vigília Pela Terra será em Porto Alegre, na Orla do Guaíba, próximo à Usina do Gasômetro, no dia 17 de maio, a partir das 15h.

Durante a Vigília, terá a participação de lideranças religiosas de diferentes crenças, intervenções artísticas, homenagem às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul e meditação no pôr do sol. A atividade está sendo co-organizada em parceria com o Fórum Inter-religioso e Ecumênico do Rio Grande do Sul (FIRE), a Fundação Luterana de Diaconia, o Coletivo Abrigo, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), o Zen Budismo do Vale dos Sinos, o Centro de Estudos Budistas Bodisatva ( CEBB), a Visão Mundial, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o Conselho Estadual do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul, o Youth Action Hub, o Global Shapers POA, o Comitê de Povos e Comunidades Tradicionais dos Pampas, dentre outras entidades. 

Em junho de 1992, o ISER realizou a Vigília Inter-religiosa ‘Um Novo Dia para a Terra’, em defesa do meio ambiente. O encontro aconteceu no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). Durante 12 horas, cerca de 30 mil pessoas e 300 lideranças religiosas se reuniram e realizaram celebrações de 25 tradições religiosas e espirituais diferentes. A mobilização deu origem ao Movimento Inter-Religioso (MIR-RJ) e resultou no documentário ‘Uma Noite Pela Terra’, dirigido por João Moreira Salles, disponível no canal do Youtube do ISER. 

O diretor adjunto do ISER, Clemir Fernandes, entende ser fundamental que as religiões façam parte do enfrentamento à crise climática a partir de suas próprias práticas de fé. “Em 1992 a vigília foi um diferencial político e espiritual na luta ambiental. Mais de três décadas depois, as religiões e tradições espirituais podem aportar um despertamento ético fundamental para que tomadores de decisão sejam ousados e eficazes no cumprimento de metas para interromper a curva ascendente da grave crise climática atual”, reforça.

A atividade de Porto Alegre tem o apoio de Dalai Lama, que enviou uma carta de incentivo à comunidade. “Sei que o Brasil tem um forte senso de proteção ambiental, e a enchente do ano passado é mais um lembrete para todos nós trabalharmos juntos para tornar o Brasil e o mundo um lugar melhor, agora e no futuro”, escreveu. 

No dia 08 de abril, o ISER realizou a primeira atividade pública do ano rumo à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 30), na Marcha de Abertura do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. O momento simbolizou o lançamento das Vigílias Pela Terra, reforçando o apoio à luta dos direitos dos povos indígenas. O encontro reuniu as lideranças religiosas Mãe Dora de Oyá, Yalorisá do Ilê Axé T’ojú Labá e Fundadora do Afoxé Ogum, a Pastora Romi Bencke, Secretária-Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil e o Padre Marcus Barbosa, Assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Para a Coordenadora de Meio Ambiente e Religião do ISER Isabel Pereira, a COP 30 vem sendo considerada um marco mundial fundamental para o enfrentamento da crescente crise climática. “Apesar das limitações dos avanços por meio das negociações durante a conferência, temos a oportunidade de fazer o tema chegar a mais pessoas. A população precisa estar convencida da necessidade de enfrentar esta crise e do potencial transformador que sua mobilização pode causar neste cenário, especialmente considerando seus territórios e agendas locais”, pondera. 

Em 2025, a 30ª edição da COP do Clima será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém do Pará, na Amazônia brasileira. A conferência reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações que combatam as mudanças climáticas, proponham políticas públicas de justiça climática, apresentem inovações tecnológicas e de financiamento para adaptação e mitigação dessa crise e mais.

Iniciando a Vigília Pela Terra na região Sul do país, a mobilização se reúne com olhar desde o Bioma Pampa até a Amazônia. Dialogando com os povos, comunidades e lideranças tradicionais, suas contribuições e demandas, o movimento em Porto Alegre ocorre no marco de um ano das tragédias que afetaram o Rio Grande do Sul, pretendendo ser também um grande memorial às vítimas e celebração de todo o trabalho de solidariedade e voluntariado.

 

SERVIÇO

Vigílias Pela Terra
Data: 17 de maio
Local: Orla do Guaíba – Porto Alegre (RS)
Horário: Das 15h às 19h

 

RESULTADO: Formação Boto Fé nas Águas 2025

Alessy Padilha Everton

Amanda Ionara Farias de Oliveira

Ana Caroline de Lima Sousa

Ana Laura Silva Vilela 

André Castro

Andréia Santos de Lima 

Ariely Paola dos Santos

Artur Basilio de Freitas

Bárbara Marthelly Corrêa Figueira Nascimento 

Brenda Samara Barros Pereira 

Camilly Goes Cardoso

Caroline Camargo Barbosa

Charlie Gomes da Silva 

Christine Késia dos Santos Timóteo 

Dione Stefanny Galvão do Nascimento 

Eduardo Augusto Martins de Melo 

Fabricio Malheiro Fernandes Nascimento 

Fernanda Tenório Nascimento Alencar

Fernanda Vanessa Leite do Nascimento

Franscielly Maria Da Luz

Gabriela Lincoln Boaventura

Gilmar de Oliveira Machado 

Glaucia Santos de souza

Ilma vale marcineiro 

Isla Gabrielly Santos Cerqueira

Itajone Francisco de Morais 

Jaciane Gentil Cabral 

Jederson de Pontes Bezerra

Jerônimo Pereira dos Santos 

José Ilton Galdino Júnior 

José Wilson da Silva Júnior 

Juliana Mondinne Mendes de Oliveira 

Juliana Pinho

Karen Cristina Sidonio Melo 

Karla Michele Santos de Melo 

Kaua da Cruz Santos 

Laura Sheine Rubim de Souza – Iya Kokama

Leonan Coelho da Costa 

Letícia Colares Casales Ventin (Letricia)

Letícia de Souza Amorim 

Liege da Costa Ferreira 

Lina Mayara Pereira Bastos 

Lirian Oliveira 

Lívia Maria Vitor da Silva Sousa 

Lucas Feitosa Marcineiro 

Lucas Rodrigues Napo 

Luciana Carneiro Lopes da Silva 

Luciana Ruth de Lima 

Ludmylla oliveira 

Marcelli Alexandrino de Barros Machado

Marcos Paulo Gonçalves Cassiano da Cunha

Maria Fernanda Souza Da Silva 

Maria Manuela Pinheiro Frazao Liica 

Matheus Moreira Soares

Mayara Alves Barbosa 

Nalbert Alberto Barreto 

Ondino pereira Cintra filho 

Paula Landim Nazaré

Rafaela Pinheiro Frazão Licá 

Raphaella Belfort Muger Teixeira

Rayane Marinho Leal 

Tamiris Queiroz da Conceição 

Thais da Silva Matos

Thaysi da Silva 

Valdinei Barbosa Pereira 

Wecsley Phelipe de Souza Britto

RESULTADO: Edição Boto Fé no Clima 2025

A-yá Jacyene Marulanda de Souza
Ageu Rabelo Bastos
Alice Santos do Nascimento
Amanda Neder
Ana Cássia Brandão
Aretha Rayra Teixeira Ferreira
Artur Silva dos Santos
Bruna Pires dos Santos
Carolina Rodrigues Reis da Silva
Caroline Alves da Silva
Clara Thayse de Oliveira Cosme (Thayse Panda)
Cleverson silva da Silva
Dandara Vitória Santos Ferreira
Douglas Dennys de Paula
Edson Rodrigues Cavalcante
Eduarda Gotz
Elinoelma Barros
Enock de Castro Galdino
Gabriel Peres Veiga da Silva
Gilmar de Oliveira Machado
Gustavo Maria Lopes Gonçalves
Ian Bomfim Pinheiro
Isabela Cristina Rosa
Isabella Ribeiro Barbosa
Isadora Gran
João Miguel Marques Tavares
José Augusto Alves Neto
Joyce Santos de Oliveira
Júlia Maria Silva de Oliveira
Kaiaia Suya
Kesya de Lima Silva Alves
Lennon Anfrisio Santos Romão
Lívia de Carvalho Lages Silva
Lohany Aparecida Dias Monteiro
Luana Abílio
Luiz Felipe Mar dos Santos
Luiz Henrique Lopes de Oliveira
Marcelo Anjos da Silva
Marina Murta
Marinaldo Almeida Costa
Matheus Francisco Pereira
Matheus Henrique P. Siqueira
Michele Boldrini
Milene Almeida de Souza
Mirim Ju Yan Guarani
Nayane Cristina Ramos de Oliveira Lobo
Nayara Matos Nunes
Nilmara Sampaio da Silva
Paula Israel Evangelista Vida
Quésia Oliveira Olanda
Samily Barbosa
Sofia Iothi
Stefan Costa
Suellen de Oliveira Guimarães
Taíza Rayane De Araujo
Thainá Rosa Oliveira da Cunha
Thaíssa Alves Gonçalves Silva
Thiago Arthur Martins Felisbino de Jesus
Tuane Alves da Silva
Vitor Martins de Oliveira Mattos
Vitória Rebeca Rodrigues da Silva

 

COP 30 no Brasil: um novo capítulo na agenda climática global

A diplomacia brasileira pode atuar para que a ausência dos EUA não seja um retrocesso? | Entrevista com Diosmar Filho



Em janeiro de 2025, assim que tomou posse, o presidente dos EUA Donald Trump, assinou um decreto retirando o país do Acordo Climático de Paris. Apesar de já ter retirado os EUA do compromisso internacional em seu primeiro mandato, a decisão causou grandes debates acerca da temática sobre negociações e mudanças climáticas.

Os EUA têm historicamente resistido a avanços na agenda de adaptação climática, o que pode impactar negativamente os esforços globais para proteger as populações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Diante desse cenário, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro, pela primeira vez no Brasil, surge como uma oportunidade crucial para avançar na agenda de adaptação climática e engajar economias emergentes e países em desenvolvimento.

O geógrafo e pesquisador sênior da Associação de Pesquisa Iyaleta Diosmar Filho, traz uma análise sobre a retirada dos EUA do Acordo de Paris no ano da COP 30 para além das reações alarmistas. “Temos uma agenda super sensível para a COP 30 no Brasil, chama-se artigo 7: adaptação climática. Se a gente conseguir colocar as economias emergentes e os países em desenvolvimento nessa agenda para aprovar os objetivos global e ampliar o financiamento nessa agenda, a COP 30 no Brasil cumpre seu papel com muita força”, explica. 

O pesquisador também aponta o potencial da diplomacia brasileira na condução das negociações e na busca por soluções que garantam um futuro sustentável para todos. “Eu acredito muito na diplomacia brasileira. Eu acho que é uma das melhores diplomacias no mundo e na negociação climática. Acredito que o Brasil está muito preparado para esse ciclo com o Donald Trump”, afirma Diosmar que acredita que a diplomacia é vista como competente e capaz de lidar com a ausência dos EUA no Acordo de Paris durante a COP. 

A agenda climática global tem priorizado a mitigação das emissões em detrimento da adaptação aos impactos das mudanças climáticas e do apoio às populações vulneráveis. Historicamente os EUA não apoiaram a agenda de adaptação. “A agenda climática em si, até este ano, girou em torno da mitigação e em torno da economia, ela não girou em torno de cuidar da população vulnerável no mundo à mudanças climáticas”, pondera o geógrafo. 

Mesmo sem a participação do governo americano, a COP 30 no Brasil surge como um momento estratégico para avançar na agenda de adaptação e engajar diversos setores como a sociedade estadunidense, os governos locais e outros atores buscando o financiamento necessário para os países mais vulneráveis a fim de garantir um futuro sustentável.

EUA se retira do Acordo de Paris… pela segunda vez

Como esperado após os resultados das eleições presidenciais dos EUA no ano passado, o segundo governo de Donald Trump começou trazendo apreensão em diversos setores. O polêmico discurso de posse trouxe a promessa de uma entrada dos Estados Unidos numa nova “era de ouro”, regada, é claro, à bastante exploração de combustíveis fósseis e com o anúncio do encerramento imediato de políticas de promoção de equidade baseadas em raça e gênero. Logo em seu primeiro dia de mandato, Trump formalizou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, feito já realizado pelo mesmo em seu mandato anterior (2017 – 2020) e que havia sido revertido por Biden (2021 – 2024) . 

Mas o que é o acordo de Paris?

Assinado em 2015, durante a 21° Conferência das Partes sobre o Clima, o Acordo de Paris é um tratado internacional que tem como seu principal objetivo limitar a elevação da temperatura média global da Terra abaixo de 2°C, idealmente em 1,5°C. Ele é tido como um grande marco das negociações climáticas internacionais, pois conseguiu que todos os países o ratificassem com exceção de Síria e Nicarágua, esse último país aderiu posteriormente ao acordo. Além de estabelecer que cada país apresente suas NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas) que, na prática, são as metas para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Possíveis desdobramentos

Apesar dos estadunidenses terem um conhecido histórico de provocarem “entraves” nas negociações climáticas e, sob o comando de Trump, é bastante provável que isso seja cada vez mais comum, portanto, esperado. A saída de qualquer uma das partes que tenha ratificado o Acordo de Paris é sempre um prejuízo. O que ganha um contorno ainda mais expressivo se tratando dos Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. Apesar de ainda ser cedo para dimensionar o impacto desta decisão na comunidade internacional, há temores de que a decisão americana encoraje outros países a fazerem o mesmo. O que seria, sem dúvida, uma grande tragédia e o fim de qualquer esperança de limitar o aquecimento global.

O que está em jogo?

Em pleno 2025, tendo sido as últimas décadas marcadas por incontáveis desastres ambientais e com tantos outros em curso, como, por exemplo,  os incêndios florestais que o próprio Estados Unidos enfrenta, é execrável que o chefe de uma nação adote uma medida desta natureza. Não só Trump, mas todos os líderes mundiais que insistem em ignorar o ignorável estão marchando não só com o seu povo, mas com o planeta inteiro para um grande abismo climático. A pergunta mais importante a se fazer neste momento é como a comunidade internacional reage a isso, pois Trump não é o primeiro, e infelizmente, não será o último negacionista climático com o poder nas mãos. 

 

Por: Sharah Luciano
Coordenadora de Formações Fé no Clima

Eleições 2024 e a pauta clima: o que esperar a partir dos resultados do 1° turno

Em 6 de outubro brasileiros e brasileiras de 5.569 cidades foram às urnas para escolher seus representantes municipais. Dos 155.912.680 milhões de eleitores aptos a votar, 78,29% compareceram aos seus locais de votação. A marca de 21,71% de abstenções manteve a tendência média registrada nos pleitos anteriores.

No cenário de 2024, no qual os efeitos da emergência climática têm sido cada vez mais intensos e recorrentes, a pauta “clima” tem crescido no debate público e, consequentemente, aparecido nas propostas eleitorais das candidaturas. Ainda que as questões climáticas estejam longe de ser as propostas centrais da maioria das campanhas e dos fatores primordiais que direcionam a escolha dos representantes pelos eleitores, é notável a relevância que o tema vem ganhando.

Por que o legislativo e executivo municipal são importantes nesse debate?

Embora os efeitos da emergência do clima sejam globais e a estratégia nacional para lidar com eles elenque responsabilidades distintas para os três níveis de governo, a administração pública municipal detém tarefas tão fundamentais quanto a dos outros níveis.

São atribuições do chefe do executivo da cidade: planejar e executar os planos e políticas públicas, elaborar o orçamento, sancionar ou vetar leis, além de ser o principal canal de interlocução do município com a esfera estadual e federal. Ao passo que, é papel da vereança propor leis, fiscalizar a gestão do prefeito(a) com relação à implementação dos planos e programas, bem como no cumprimento do orçamento público.

Logo, está sob a gerência das autoridades do município uma série de políticas que contribuem para uma ação climática positiva. Entre elas as de adaptação climática, importantíssimas para a resiliência das cidades, como por exemplo: a implantação ou implementação de uma secretaria municipal de clima, do plano municipal de adaptação climática, da criação ou atualização do plano diretor do município, o fortalecimento da Defesa Civil através da destinação de orçamento, a promoção da educação climática nas escolas e a gestão da política de saneamento básico.

Panorama nas capitais: disputas concluídas no primeiro turno

11 das 26 capitais em disputa já elegeram no primeiro turno seus representantes, 10 deles tendo sido reeleitos. Dentre as candidaturas vencedoras não há nenhuma mulher e nenhum partido de esquerda. E 8, dos 11 agora eleitos, se autodeclaram brancos.

Analisando os planos de governos divulgados pelas candidaturas, todos, exceto o da candidatura vencedora de Teresina-PI, propõem um eixo específico de ação com propostas de viés ambiental / mudança climática / sustentabilidade, ainda que destoem no nível de profundidade com as quais estas temáticas são expostas. Dentre os planos que apresentam propostas mais generalistas há uma tendência em “fomentar/fortalecer” ações  focadas principalmente em reciclagem e educação ambiental, desconsiderando, por exemplo, outras áreas fundamentais: como ações estruturais de mitigação e adaptação climática.  No geral, até mesmo os planos que elencam ações mais robustas e específicas, em sua maioria apresentam propostas focadas na implantação de instrumentos como planos de arborização / mitigação, mas sem que haja uma objetividade com relação a implementação dos mesmos ou a mensuração dos compromissos firmados.

No que se refere às propostas gerais dos planos de governo disponíveis no site do TSE, identifica-se (1) planos que propõem ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes; (2) planos que propõem ações específicas e mensuráveis, mas ainda sim insuficientes, (3) planos que propõem ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.

 

Capitais que já elegeram seus representantes
Capital Prefeito eleito no 1° turno Apresenta algum eixo específico com propostas de ação para questões ambientais ou climáticas? Observações sobre o plano com relação a ações de enfrentamento à emergência climática:
Boa Vista – RR Arthur Henrique (MDB) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes
Florianópolis – SC Topázio (PSD) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes
Macapá – AP Dr. Furlan (MDB) Sim (3) ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.
Maceió – AL JHC (PL) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes

(3) propõe ação específica, mas que depende de outras ações não elencadas para ser implementadas.

Recife – PE João Campos (PSB) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes

(3) algumas ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.

Rio Branco – AC Tião Bocalom (PL) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes

(3) algumas ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.

Rio de Janeiro – RJ Eduardo Paes (PSD) Sim (3) algumas ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.
Salvador – BA Bruno Reis (UNIÃO) Sim (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes

(2) ações específicas e mensuráveis, mas ainda sim insuficientes

(3) ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.

São Luís – MA Eduardo Braide (PSD) Sim (3) ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.
Teresina – PI Silvio Mendes (UNIÃO) Não* (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes
Vitória – ES Lorenzo Pasolini (Republicanos) Sim* (1) ações generalistas, não mensuráveis e insuficientes

(3) ações específicas, mas que dependem de outras ações não elencadas para serem implementadas.

* O plano apresenta ações com desdobramento ambiental / climático, mas em outros eixos que não o de meio ambiente/ clima /sutentabilidade.

Disputa do 2° turno: capitais em destaque


Nas outras 15 capitais onde a disputa pela vaga prefeito/a foi para o 2° turno, duas delas, em termos de desdobramento da pauta de meio ambiente e clima, requerem atenção: Porto Alegre (RS) e Belém (PA).

Capitais com disputa no 2° turno: (Aracaju (SE), Curitiba (PR), Natal (RN), Belém (PA), Fortaleza (CE), Palmas (TO), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS), João Pessoa (PB), Porto Velho (RO), Cuiabá (MT) Manaus (AM), São Paulo (SP)

A capital do Rio Grande do Sul, que recentemente protagonizou uma das maiores tragédias climáticas do Brasil e a maior da sua história, levou para o 2° turno Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB). Melo, que é o atual prefeito de Porto Alegre, obteve 49,72% e por pouco não findou a disputa no turno anterior. Uma vitória de Melo durante o segundo turno, representaria que para o eleitorado porto-alegrense a atuação contestável que o prefeito realizou na gestão da crise não foi determinante na hora da escolha eleitoral.

No norte do país, em Belém – PA, a disputa pela prefeitura está entre Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL). Apesar de ambos os candidatos mencionarem em algum grau a temática ambiental em suas propostas, as legendas as quais representam têm um histórico de posicionamentos conservadores com relação à pauta socioambiental. É válido ressaltar que em 2025 a capital paraense sediará a Conferência das Partes sobre Mudança do Clima da ONU e o chefe do executivo municipal tem um papel bastante relevante nesse contexto.

Por Sharah Luciano, Fé no Clima.

Referências:

https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2024/Outubro/presidente-do-tse-apresenta-balanco-do-1o-turno-das-eleicoes-2024

https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/mudancas-climaticas-e-cidades-sbcm-0018

https://fase.org.br/pt/artigos/cidades-como-enfrentar-as-mudancas-climaticas/

https://www.brasildefato.com.br/2024/08/16/mudanca-climatica-e-o-futuro-das-cidades-e-regioes-um-chamado-a-acao

https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/eleicao;e=e619;uf=rj;ufbu=rj;tipo=3;mu=60011;mubu=60011/resultados

https://www.cartacapital.com.br/politica/veja-os-resultados-das-eleicoes-para-prefeito-em-todas-as-capitais/

https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/home

Carta Inter-religiosa – Aliança Sagrada Pelo Clima

A Natureza como Expressão Espiritual clama pela Urgência da Ação

Nós, lideranças religiosas de diversas tradições e espiritualidades, nos unimos nesta carta para expressar nossa profunda preocupação com as sucessivas e crescentes tragédias ambientais que nosso país tem enfrentado e com as perspectivas de que sejam ainda piores no futuro próximo. O aumento das queimadas e incêndios florestais na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica está destruindo nossa biodiversidade, degradando os solos e os recursos hídricos, agravando a crise climática global, corroendo nossa economia e provocando doenças
e sofrimentos na população.

Reconhecemos o esforço que parte do governo vêm fazendo para enfrentar esses problemas e para recuperar a governança socioambiental que foi criminosamente enfraquecida durante o governo passado. Esse empenho tem produzido resultados importantes, como a expressiva redução do desmatamento na Amazônia. No entanto, a situação ambiental do país continua extremamente preocupante e requer uma maior mobilização de todos os setores estratégicos do governo e o envolvimento dos governos estaduais e municipais.

Constatamos com grande tristeza que o Câmara, Senado e Ministérios, como o das Minas e Energia, Transportes e Agricultura, continuam atrelados a uma visão de desenvolvimento do passado, e seguem defendendo a mineração em Terras Indígenas e a exploração de petróleo em lugar de priorizar a exploração do potencial de energias renováveis do país; a pavimentação da BR-319, que favorecerá a destruição de milhões de hectares da floresta
amazônica e afetará para sempre a vida de milhares de indígenas que vivem na região; a expansão da fronteira agrícola sobre o Cerrado e a Amazônia, bem como o aumento do uso de agrotóxicos extremamente perigosos para a saúde humana e para o meio ambiente.

O Brasil ocupa um lugar de protagonismo no cenário internacional. É anfitrião do G20 e da COP 30, eventos que serão decisivos para os compromissos e os impactos das políticas ambientais e climáticas sobre nossos biomas, suas populações e o futuro do planeta. Neste contexto, é inaceitável que o Brasil, um país abençoado com a maior biodiversidade do planeta, e com tal protagonismo internacional, continue a contribuir para o agravamento das mudanças climáticas e a destruição de seus ecossistemas mais preciosos.

Não é de agora que as comunidades religiosas estão comprometidas com a justiça climática e socioambiental e, portanto, nos somamos a estas vozes para avançarmos ainda mais no processo de proteção da nossa biodiversidade e dos povos originários e comunidades tradicionais que são seus principais guardiões. A natureza, em suas múltiplas formas, é um elemento central em nossas práticas espirituais e na expressão de fé de nossas comunidades.

Através da criação divina encontramos o sagrado nas florestas, nos rios, nos diversos elementos da natureza, nos animais, nas pessoas. Ao testemunharmos a destruição de ecossistemas essenciais, sentimos que não apenas a natureza está sendo violada, mas também os princípios espirituais que guiam nossas vidas. A proteção da natureza não é apenas uma questão ambiental, mas um dever espiritual e moral. Como líderes religiosos, estamos comprometidos em acolher e cuidar daqueles que sofrem as consequências dessas catástrofes, mas também em prevenir através da proteção do meio ambiente.

Pedimos, portanto, que o governo federal repense suas políticas de exploração de recursos naturais, colocando a preservação da criação divina e a proteção das vidas humanas como prioridade máxima, tais como expressos nas seguintes demandas:

● Desmatamento zero: Implementação imediata e eficaz do cumprimento do Código Florestal, com foco na proteção integral da Amazônia, do Cerrado e de todos os biomas brasileiros.

● Atualmente, há 873 blocos de petróleo e gás em concessão no país, dois terços deles em terra e um terço em áreas marítimas. Essa exploração pode dobrar, com 769 novos blocos atualmente em oferta. Reivindicamos a interrupção das concessões e de novas ofertas.

● Investimentos em Energias Renováveis: Redirecionamento dos investimentos atualmente alocados na exploração de combustíveis fósseis para o desenvolvimento de energias limpas e renováveis, que respeitem as premissas de uma transição justa e popular, em alinhamento com os compromissos climáticos internacionais do Brasil.

● Adoção de uma NDC compatível com a manutenção da elevação da temperatura média do planeta em torno dos 1,5 graus Celsius e influenciar os demais países durante a COP 30 para que façam o mesmo.

● Demarcação de Terras Indígenas, titularização de Territórios Tradicionais, regularização fundiária e reforma agrária justa, com foco na soberania alimentar. Fomento à agroecologia, valorização da produção familiar, camponesa e da pesca artesanal, além da economia indígena, garantindo geração de renda para combater a fome, pobreza e desigualdade social.

● Suspensão das operações e processos minerais ativos em terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação de proteção integral.

Acreditamos que essas ações são necessárias e, acima de tudo, urgentes, para garantir que o Brasil possa continuar sendo um exemplo para o mundo de como desenvolvimento e sustentabilidade podem andar juntos, como guardião da vida e da biodiversidade. Contamos com o seu compromisso e liderança para transformar essas demandas em realidade.


Esse documento é assinado por:

  • Pastora Andrea Alechandre (Igreja do Evangelho Quadrangular) – Rio Branco/Acre
  • Dom Roque Paloschi (Arquidiocese de Porto Velho) – Porto Velho/Rondônia
  • Maria da Rocha (Guardiões do Bem Viver) – Lago Grande, Santarém/Pará
  • Mãe Jô Santos (Terreiro de São Jorge Tumajamacê) – São Luís/Maranhão
  • Rayana Burgos (Rede Terreiros pelo Meio Ambiente) – Recife/Pernambuco
  • Ir Maria Irene Lopes (Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM)
  • Pastora Romi Bencke (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC)
  • Mametu Nangetu (Terreiro Manso Massumbando Quem Quem Neta)
  • Denildo Rodrigues de Moraes (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ)

Confira as pessoas selecionadas para a segunda edição do Boto Fé no Clima

Ádria Anacleto Pereira Mendes
Ailton Seabra Borges
Alencar Silveira de Anchieta Guimarães Braga
Alex Rodrigo Farias Soares
Allan dos Santos Vieira
Amanda Alves Queiroga
Ana Caroline Quirino da Silva
Ana Keity da Silva
Ana Luiza de Lima Silva
Anderson Francklin Pinto de Jesus
Anderson Gabriel Ribeiro Lima
Anne Karolyne da Silva Rodrigues Carneiro
Arthur Vinicius Nascimento Viana
Beatriz Triani Cherem
Bruna Maria Crispim
Bruna Paola Castro Lima
Camila Nascimento
Camilly Goes Cardoso
Charlie Gomes da Silva
Cinthia Nascimento
Cintia Souto Reis
Cosmerina dos santos Brito
Davi Andrade Miguel
Derson Maia
Edna Carolina dos Anjos
Edson Rodrigues Cavalcante
Emerson Caetano
Felipe Gomes Garcia Marques
Fernanda Vanessa Leite do Nascimento
Fetxawewe Tapuya Guajajara Veríssimo
Gabrielle Ücker Thum
Hamangai Marcos Melo Pataxó
Holehon Santos Campos
Jerônimo pereira dos santos
Juliana da Silva Marins
Karen Cristina Sidonio Melo
Karen Emanuelen dos Santos Martins Galembeck
Karol’Linne Carvalho
Kely Cristina da Silva
Késia Miranda Nogueira
Lana Larrá Baia Amorim
Larissa Cristina Souza Barros
Letícia Damacena de Melo
Lívia Maria Vitor da Silva Sousa
Lucas da silva Alves pessoa
Luciana Carneiro Lopes da Silva
Madahyta de Nazaré dos Santos Silva
Maria Clara Salvador Vieira da Silva
Maria Rosangela da Silva Souza
Mariana Bissolate Knupp
Mateus Vinícius Batista Torres da Silva
Maycon Carreira
Mirella Moura Bastos
Muri Souza Santiago
Pamella Cristiny Carneiro da Silva
Raniere da Conceição Roseira
Raquel Piedade
Rocheli Koralewski
Romulo Moraes de Souza
Sereia Caranguejo
Shayane Fernandes Oliveira
Sueli de Araújo Azevêdo
Thais de Oliveira
Thaís Viana
Thamires Lima
Thayliana Leite Bezerra
Vanessa da Silva Santos
Wecsley Phelipe de Souza Britto
Wesley Oliveira do Nascimento
Yasmin de Oliveira Barcelos

Da mudança climática à mudança política: Solidariedade e direitos pelo Rio Grande do Sul

Nossas cidades não estão preparadas para lidar com os efeitos da emergência climática, por isso precisamos falar de adaptação climática. 

O ISER manifesta solidariedade aos atingidos pela crise climática no Rio Grande do Sul e tem atuado para ampliar o apoio às pessoas necessitadas de ajuda. Diante desse caos que assola comunidades inteiras, expressamos nossa compaixão às famílias que perderam seus entes queridos, seus lares e sua segurança. É doloroso relembrar que o que aconteceu é resultado não apenas de forças naturais, mas da negligência e omissão das autoridades competentes. Esta catástrofe ambiental nos recorda, de forma dolorosa, da urgência em adotar medidas efetivas de preservação e gestão responsável do meio ambiente e clima.

“O desastre não é natural, é político. É construído no Estado que desrespeita a legislação ambiental. O desastre é parte consciente do projeto político de governos negacionistas ou incapazes de se preocupar com a vida das pessoas e das florestas, afinal elas são indissociáveis.” – Mariana Belmont

O que é adaptação climática?

Diz respeito a um conjunto de intervenções planejadas, em diferentes áreas, para que os territórios possam lidar melhor com as consequências da emergência climática, evitando perdas materiais, de vidas e priorizando o bem estar da população.
A tragédia no Rio Grande do Sul é mais um exemplo, violento e monumental, do que tem acontecido e do muito que está por vir. Por isso, é necessário uma corajosa mudança política, para outra economia e modelo de sociedade, se quisermos algum futuro ou adiar o fim do mundo, como lembra Ailton Krenak.

Crise climática: um projeto político e econômico

Eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais comuns, ao mesmo tempo em que parlamentares, governantes e outros atores políticos atacam medidas de preservação ambiental, precarizam serviços públicos de defesa civil e vendem nossas cidades e recursos naturais aos empreendimentos privados em prol de lucros ainda maiores.

A catástrofe ambiental que agora assola o Rio Grande do Sul é um exemplo de como os interesses econômicos predatórios e neoliberais estão acima dos interesses da coletividade e do cuidado com a natureza. Neste momento de dor e perda, a sociedade civil se ergue, mais uma vez, para levar cuidados básicos, comida, água e amparo àqueles que foram afetados por essa calamidade.

É preciso lembrar que tragédias anunciadas se concretizaram pelo descaso e que é urgente uma mudança radical na resposta que queremos e precisamos dar às crises climáticas e humanitárias daqui em diante. O que acontece hoje no Sul é fruto de um negacionismo científico aliado a uma má gestão pública que ignora alertas, evita planos de prevenção e flexibiliza legislações ambientais.

“Informações técnicas, dados e alertas dos cientistas estão disponíveis há bastante tempo. Informação não falta. O que falta são políticas públicas que possam minimizar os impactos desses eventos para a população porque eles continuarão a ocorrer. A mudança climática é uma realidade, não temos mais como evitar os eventos extremos.” – Suely Araújo

Como ajudar se não estou no Rio Grande do Sul?
Cozinha solidária do MTST (RS)
Pix: enchentes@apoia.se
Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul)
Pix: 00.479.105/0005-07
Central Única das Favelas (CUFA)
Pix: doacoes@cufa.org.br

Você também pode enviar itens nas agências de Correios de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco e Distrito Federal.

Itens para doação: Água potável (prioritário), alimentos de cesta básica, material de higiene pessoal, material de limpeza seco, roupas de cama e de banho e ração para pet.

Para saber mais sobre o assunto:
É ou não é? O que é verdade (e o que não é) sobre as enchentes do Rio Grande do Sul. Greenpeace
Chuva no Sul, fogo no Norte: governo precisa agir no novo normal. Observatório do Clima.
‘NÃO TEMOS MAIS COMO EVITAR OS EVENTOS EXTREMOS’, DIZ COORDENADORA DO OBSERVATÓRIO DO CLIMA. The Intercept Brasil.
O desastre não é natural, é político. Geledes.
O que é adaptação? Glossário Confluência. Associação de Pesquisa Iyaleta.
Nota Técnica Iyaleta Nº 02 – Adaptação: desafios para transparência na governança climática no Brasil
Nota Técnica Iyaleta Nº 01 – Governança de desastres, trade-off e adaptação Norte e Nordeste do Brasil
Sumário Estratégias para Planos Nacionais de Adaptação: um caso Brasil