Como esperado após os resultados das eleições presidenciais dos EUA no ano passado, o segundo governo de Donald Trump começou trazendo apreensão em diversos setores. O polêmico discurso de posse trouxe a promessa de uma entrada dos Estados Unidos numa nova “era de ouro”, regada, é claro, à bastante exploração de combustíveis fósseis e com o anúncio do encerramento imediato de políticas de promoção de equidade baseadas em raça e gênero. Logo em seu primeiro dia de mandato, Trump formalizou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, feito já realizado pelo mesmo em seu mandato anterior (2017 – 2020) e que havia sido revertido por Biden (2021 – 2024) .
Mas o que é o acordo de Paris?
Assinado em 2015, durante a 21° Conferência das Partes sobre o Clima, o Acordo de Paris é um tratado internacional que tem como seu principal objetivo limitar a elevação da temperatura média global da Terra abaixo de 2°C, idealmente em 1,5°C. Ele é tido como um grande marco das negociações climáticas internacionais, pois conseguiu que todos os países o ratificassem com exceção de Síria e Nicarágua, esse último país aderiu posteriormente ao acordo. Além de estabelecer que cada país apresente suas NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas) que, na prática, são as metas para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Possíveis desdobramentos
Apesar dos estadunidenses terem um conhecido histórico de provocarem “entraves” nas negociações climáticas e, sob o comando de Trump, é bastante provável que isso seja cada vez mais comum, portanto, esperado. A saída de qualquer uma das partes que tenha ratificado o Acordo de Paris é sempre um prejuízo. O que ganha um contorno ainda mais expressivo se tratando dos Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. Apesar de ainda ser cedo para dimensionar o impacto desta decisão na comunidade internacional, há temores de que a decisão americana encoraje outros países a fazerem o mesmo. O que seria, sem dúvida, uma grande tragédia e o fim de qualquer esperança de limitar o aquecimento global.
O que está em jogo?
Em pleno 2025, tendo sido as últimas décadas marcadas por incontáveis desastres ambientais e com tantos outros em curso, como, por exemplo, os incêndios florestais que o próprio Estados Unidos enfrenta, é execrável que o chefe de uma nação adote uma medida desta natureza. Não só Trump, mas todos os líderes mundiais que insistem em ignorar o ignorável estão marchando não só com o seu povo, mas com o planeta inteiro para um grande abismo climático. A pergunta mais importante a se fazer neste momento é como a comunidade internacional reage a isso, pois Trump não é o primeiro, e infelizmente, não será o último negacionista climático com o poder nas mãos.
Por: Sharah Luciano
Coordenadora de Formações Fé no Clima